Mas e se a maior ameaça não vier de fora, mas de dentro? E se um gigante adormecido sob nossos próprios pés representar um perigo mais complexo e inevitável?
A pergunta é cada vez mais debatida por cientistas: entre um impacto de asteroide e a erupção do supervulcão de Yellowstone, qual é a verdadeira grande ameaça à nossa existência?
Quando pensamos em ameaças cósmicas que poderiam acabar com a civilização, nossa imaginação, alimentada por Hollywood, voa imediatamente para o espaço: um asteroide colossal em rota de colisão com a Terra. É o vilão perfeito — um inimigo externo, rápido e destrutivo.
O Inimigo que Vem do Espaço
A ameaça de um asteroide é direta e fácil de entender. Um objeto grande o suficiente, como o que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos, causaria devastação imediata no impacto.
A energia liberada criaria terremotos, tsunamis e uma nuvem de poeira que mergulharia o planeta em um “inverno de impacto”.
No entanto, a humanidade tem uma vantagem crucial contra essa ameaça: nós podemos olhar para cima. Programas de defesa planetária, como os da NASA, monitoram o céu constantemente.

Nós podemos detectar um asteroide perigoso com anos ou até décadas de antecedência. E, como demonstrou a missão DART, já temos a tecnologia incipiente para tentar desviar um objeto de sua rota.
Contra o inimigo do espaço, nós temos uma chance de lutar.
O Gigante Sob Nossos Pés
A ameaça do supervulcão de Yellowstone é fundamentalmente diferente. Não é um golpe único e rápido, mas o início de um colapso planetário em câmera lenta.
A arma principal de Yellowstone não é a explosão inicial, mas sim suas consequências duradouras.
A erupção injetaria uma quantidade inimaginável de cinzas e, mais importante, dióxido de enxofre na estratosfera. Esses aerossóis formariam um véu ao redor do globo, bloqueando a luz solar por anos.
O resultado seria um inverno vulcânico prolongado, muito mais severo e duradouro que o de um impacto.

As temperaturas globais despencariam, levando ao colapso total da agricultura. A cadeia alimentar mundial seria destruída, resultando em uma fome em escala planetária.
Seria um evento que não apenas destruiria cidades, mas desmantelaria a própria estrutura da civilização moderna.
E a pior parte? Não podemos fazer absolutamente nada para impedir. Não existe uma “missão DART” para um supervulcão. Somos forçados a ser espectadores passivos de uma catástrofe que se desenrola sob a crosta terrestre.
Comparando os Riscos: Probabilidade vs. Previsibilidade
Então, qual é mais provável? A chance de um asteroide “exterminador de civilizações” nos atingir em um determinado ano é extremamente baixa, mais ou menos na mesma ordem de grandeza da probabilidade de uma supererupção em Yellowstone (cerca de 1 em 730.000 por ano).
Em termos de probabilidade pura, ambos são eventos raríssimos.
A verdadeira diferença está na previsibilidade e na capacidade de resposta.
- Asteroide: Podemos ter décadas de aviso. Temos um plano de ação, mesmo que seja experimental.
- Supervulcão: Os sinais de uma erupção iminente (enxames sísmicos, deformação do solo) podem nos dar um aviso de semanas, meses ou, com sorte, alguns anos. Mas o aviso seria apenas um alarme para uma catástrofe inevitável.
O Veredito: Qual Ameaça é Maior?
Enquanto um asteroide representa uma morte súbita e violenta que talvez possamos evitar, o supervulcão de Yellowstone representa uma doença terminal para o planeta, um processo lento e agonizante contra o qual não temos defesa.
Embora ambos os cenários sejam felizmente improváveis, a total impotência da humanidade diante de uma supererupção torna o gigante de Yellowstone, indiscutivelmente, a ameaça mais assustadora.
É a perfeita demonstração de que as forças mais poderosas e perigosas que enfrentamos podem não vir das estrelas, mas do próprio mundo em que vivemos.